Aos embaixadores: Papa destaca a paz e reitera cultura do encontro

Reunido com embaixadores, Francisco recordou as “feridas” à paz, como tráfico de seres humanos, guerras e devastação ambiental

Jéssica Marçal
Da Redação

Aos embaixadores: Papa destaca a paz e reitera cultura do encontro

Francisco durante seu discurso ao corpo diplomático / Foto: Reprodução CTV

O Papa Francisco encontrou-se nesta segunda-feira, 13, com o Corpo Diplomático creditado junto à Santa Sé. Aos embaixadores de todo o mundo, Francisco fez um longo discurso sobre a necessidade de paz, recordando as inúmeras situações de conflitos em 2013. Ele defendeu medidas em prol da paz e reforçou a disponibilidade da Santa Sé em colaborar com os países nas relações de fraternidade.

::Leia, na íntegra, o discurso do Papa ao Corpo Diplomático

Francisco recordou sua mensagem para o Dia Mundial da Paz 2014, que indica na família o início da fraternidade. A família, segundo ele, deveria contagiar o mundo pelo seu amor, mas aumenta o número de famílias dilaceradas por condições difíceis, em que, muitas vezes, faltam até os meios de subsistência. “Tornam-se necessárias, por isso, políticas apropriadas que apoiem, favoreçam e consolidem a família”, disse.

Ao falar de família, o Santo Padre também citou a situação dos idosos, muitas vezes considerados um peso, enquanto os jovens não veem diante de si perspectivas certas para sua vida. Porém, ele destacou que idosos e jovens são a esperança da humanidade: os primeiros têm a sabedoria da esperança e, os segundos, abrem ao futuro e impedem o fechamento em si mesmo.

Aos embaixadores: Papa destaca a paz e reitera cultura do encontro

Embaixadores aguardavam o discurso do Papa Francisco nesta manhã / Foto: Reprodução CTV

Como exemplo desse fervor da juventude, Francisco recordou sua experiência na JMJ Rio 2013, quando viu o entusiasmo dos jovens, sua sede de vida e abertura ao outro. Ele afirmou que o fechamento em si mesmo cria uma atmosfera pesada, que acaba sufocando. “É necessário o empenho de todos para favorecer a cultura do encontro”.

Conflitos

Falando aos embaixadores, o Papa não deixou de recordar as imagens de destruição ao longo de 2013. Foi muita dor e desespero causados pelo fechamento em si mesmo. Em contraponto a estas realidades que às vezes parecem dominantes, Francisco citou o Natal, que traz a certeza da predominância do Príncipe da Paz.

Esta é a confiança com que o Santo Padre olha para o ano que está por vir. Ele manifestou, por exemplo, seu desejo de que o conflito na Síria chegue ao fim. Novamente, ele agradeceu a todos que se uniram à vigília de jejum e oração pela paz no país, realizada em setembro do ano passado.

Mas não só a Síria enfrenta conflitos. Francisco manifestou sua preocupação com a situação em geral do Oriente Médio, a exemplo do que acontece no Egito. Ele também recordou a situação preocupante em partes da África, que também precisa de reconciliação e paz.

Cultura do descartável

Aos embaixadores: Papa destaca a paz e reitera cultura do encontro

Papa acompanha discurso do decano dos embaixadores, Jean-Claude Michel, que dirigiu algumas palavras ao Pontífice em nome do Corpo Diplomático / Foto: Reprodução CTV

Novamente o Papa voltou a falar do “escândalo” da fome. Ele criticou a cultura do descartável, sendo que tantas pessoas sofrem com a falta de ter o que comer. “Não pode deixar-nos diferentes a face de quantos sofrem a fome, sobretudo as crianças, se pensamos em quanta comida é desperdiçada todo dia em muitas partes do mundo”.

Francisco citou um outro lado dessa cultura do descartável, que vai além de comida e inclui também seres humanos, descartados como se não fossem necessários. Como exemplo desse “horror”, o Papa pensou em crianças vítimas do aborto, que nunca poderão ver a luz, as que são usadas como soldados em guerras ou objetos de mercado no tráfico de seres humanos, uma “forma de escravidão moderna”, “um delito contra a humanidade”.

Refugiados e meio ambiente

Outro ponto abordado pelo Papa na mensagem foi a situação dos migrantes e refugiados, que sofrem com a falta de dignidade. Francisco recordou sua visita a Lampedusa, ilha italiana onde um naufrágio matou vários imigrantes que se dirigiam da África para a Itália.

“Infelizmente, há uma indiferença com essas tragédias, o que é um sinal trágico da perda do sentido da responsabilidade fraterna”.

Por fim, o Papa mencionou outra ferida à paz: a devastação ambiental, a exemplo do tufão Haiyan, que atingiu as Filipinas no final do ano passado. Ele destacou a necessidade de um espírito fraterno e políticas responsáveis para proteger a terra que é casa de todos. “Deus perdoa sempre, nós perdoamos às vezes, a natureza não perdoa nunca quando é maltratada”.

No encontro que já é uma tradição, o Papa desejou que 2014 seja um ano rico de bênçãos e de paz.

O primeiro encontro de Francisco com o corpo diplomático foi em 22 de março de 2013, poucos dias após o início de seu pontificado. Na ocasião, Francisco falou do título de “Pontífice” como aquele que constrói pontes, com Deus e entre os homens. Ele expressou seu desejo de que o diálogo com os diplomatas ajude a construir essas pontes.

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