Na íntegra

Catequese do Papa no dia de São José Operário - 01/05/13

Palavras do Papa no Regina Coeli - 28/04/2013Catequese
Praça de São Pedro, no Vaticano
Quarta-feira, 1º de maio de 2013

Caros irmãos e irmãs,
Bom dia!

Hoje, 1º de maio, celebramos São José Operário e iniciamos o mês tradicionalmente dedicado a Nossa Senhora. No nosso encontro de hoje, quero focar estas duas figuras importantes na vida de Jesus, da Igreja e nas nossas vidas, com duas breves reflexões: primeiro, sobre o trabalho, segundo, sobre a contemplação de Jesus.

No Evangelho de São Mateus, em um dos momentos em que Jesus retorna à sua região, a Nazaré, e fala na sinagoga, destaca-se o espanto de seus compatriotas por sua sabedoria. Eles se perguntam: “Não é este o filho do carpinteiro? “(13:55). Jesus entra em nossa história, está entre nós, nascido de Maria pelo poder de Deus, mas com a presença de São José, o pai legal, de direito, que cuida d’Ele e também lhe ensina seu trabalho. Jesus nasce e vive em uma família, na Sagrada Família, aprendendo com São José o ofício de carpinteiro, na carpintaria em Nazaré, dividindo com ele seus compromissos, esforços, satisfação e as dificuldades do dia a dia.

Isso nos lembra a dignidade e a importância do trabalho. O livro de Gênesis nos diz que Deus criou o homem e a mulher dando-lhes a missão de encher a terra e sujeitá-la, o que não significa desfrutá-la, mas cultivá-la e protegê-la, cuidar dela com o seu trabalho (cf. Gen 1:28; 2 15). O trabalho faz parte do plano de amor de Deus, somos chamados a cultivar e cuidar de todos os bens da criação, deste modo participamos da obra da criação! O trabalho é fundamental para a dignidade de uma pessoa. O trabalho, para usar uma imagem concreta, nos “unge” de dignidade, nos plenifica de dignidade, nos torna semelhantes a Deus, que trabalhou e trabalha, age sempre (cf. Jo 5:17), dá a capacidade de nos manter, manter nossa família, contribuir para o crescimento da nação. E aqui penso nas dificuldades que, em vários países, se encontra hoje o mundo do trabalho e da empresa, eu penso naqueles que, não apenas os jovens, estão desempregados, muitas vezes por uma concepção puramente econômica (mecanicista) da sociedade, que busca o lucro egoísta, fora dos parâmetros de justiça social.

Eu gostaria de estender a todos o convite à solidariedade e, aos chefes do setor público, convidá-los ao encorajamento, a fazer de tudo para dar um novo impulso ao emprego, isso significa se preocupar com a dignidade da pessoa mas, acima de tudo, vos exorto a não perderem a esperança; São José também teve momentos difíceis, mas nunca perdeu a confiança e soube superá-los, na certeza de que Deus não nos abandona. E agora gostaria de falar especialmente a vocês, meninos e meninas, a vocês jovens: se esforcem em suas tarefas diárias, no estudo, no trabalho, nas relações de amizade, contribuindo com os outros, o vosso futuro também depende de como vocês vão viver esses preciosos anos de vida. Não tenham medo do compromisso, do sacrifício e não olhem para o futuro com medo, mantenham viva a esperança: há sempre uma luz no horizonte.

Acrescento uma palavra sobre uma outra situação de trabalho que me incomoda: refiro-me ao que definimos como “trabalho escravo”, o trabalho que escraviza. Quantas pessoas no mundo são vítimas deste tipo de escravidão, em que é a pessoa que serve o trabalho, enquanto deve ser o trabalho a oferecer um serviço à pessoa, para que tenhamos todos dignidade. Peço aos irmãos e irmãs na fé e todos os homens e mulheres de boa vontade, uma escolha decisiva contra o tráfico de pessoas, contexto no qual se constitui o “trabalho escravo”.

Faço referência agora ao segundo pensamento: no silêncio das ações cotidianas, São José, juntamente com Maria, tem um centro comum de atenção: Jesus. Eles acompanham e protegem, com empenho e carinho, o crescimento do Filho de Deus feito homem por nós, refletindo sobre tudo o que acontecia. Nos Evangelhos, Lucas enfatiza duas vezes a atitude de Maria, que também é a de São José, “guardava todas estas coisas, meditando-as no seu coração” (2,19.51). Para ouvir o Senhor, devemos aprender a contemplá-Lo, perceber sua presença constante em nossas vidas; precisamos parar para dialogar com Ele, dar-lhe espaço na oração. Cada um de nós, vocês meninas, meninos e, jovens, em grande número reunidos aqui nesta manhã, deve se perguntar: qual o espaço dou ao Senhor? Eu paro para falar com Ele? Desde que éramos crianças, nossos pais nos acostumaram a começar e terminar o dia com uma oração, para nos ensinar a perceber que a amizade e o amor de Deus nos acompanhavam. Vamos nos lembrar mais do Senhor em nosso dia!

E neste mês de maio, eu gostaria de lembrar a importância e a beleza da oração do Santo Terço. Recitando a Ave Maria, somos levados a contemplar os mistérios de Jesus, refletir sobre os principais momentos de Sua vida, para que, como foi com Maria e São José, Ele seja o centro dos nossos pensamentos, da nossa atenção e de nossas ações. Seria bom que, especialmente neste mês de maio, rezássemos juntos, em família, com os amigos, na paróquia, o Santo Terço ou alguma oração a Jesus e à Virgem Maria! A oração feita em comunidade é um momento precioso para tornar ainda mais forte a vida familiar, a amizade! Aprendamos a rezar mais em família e como família!

Queridos irmãos e irmãs, rogamos a São José e à Virgem Maria que nos ensinem a sermos fiéis a nossas tarefas diárias, a viver nossa fé nas ações do dia a dia e dar mais espaço ao Senhor em nossas vidas, a parar para contemplar Seu rosto.
Obrigado.

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