Dom Eusébio comenta eleição do próximo Papa

“Eu só sei que o novo Papa será aquele que Deus quiser que entre”

Luciane Marins
Da redação

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Dom Eusébio Oscar Scheid em entrevista a Canção Nova  (Foto: TV Canção Nova)

O Cardeal Arcebispo emérito do Rio de Janeiro, Dom Eusébio Oscar Scheid, esteve entre os quatro cardeais brasileiros que participaram do Conclave que elegeu o Papa Bento XVI em 2005. Atualmente, o cardeal mora em São José dos Campos (SP), primeira diocese que assumiu como bispo, onde dedica seu tempo a atividades pastorais e a escrever. Sua obra mais recente retrata os nove anos em que esteve à frente da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Dom Eusébio, que participou como votante no último Conclave, irá a Roma no próximo dia 3 de março. Desta vez, não participará da eleição do novo Papa, porque tem 80 anos, idade em que os cardeais deixam de ter direito ao voto.

Em entrevista exclusiva ao jornalista da Canção Nova, padre Roger Araújo, o cardeal recorda a eleição de Bento XVI, fala de sua impressão pessoal sobre o Pontífice e a eleição do próximo Papa.

Eleição do próximo Papa

“Eu só sei que o novo Papa será aquele que Deus quiser que entre, porque nós atingimos uma maturidade no cardinalato, e todos estão interessados em que seja o melhor”, defende. Ao ser questionado se acredita na possibilidade do novo Papa não ser europeu, a resposta é positiva. “Ah, sim, sem dúvida! A Igreja não está melhor na Europa do que em outros lugares”. O cardeal disse ainda que, na sua opinião, um Papa das Américas não seria ruim, mas até desejável. “Há candidatos maravilhosos nos Estados Unidos, como o de Nova Iorque,  e o do Canadá também”, completou.

Para Dom Eusébio, não há entre os cardeias quem deseje ser Papa. Ele defende que, se houve isso em alguma época na Igreja, não há mais. “Dentro do Conclave, quem recebe um baque desses, para o qual não está preparado, na hora leva a pessoa a pensar um pouco”.

Eleição de Bento XVI

Dom Eusébio explicou que os cardeais não podem falar sobre a eleição do Papa, porque é sigiloso. Limitou-se a recordar que eram cerca de duzentos  cardeais no Conclave e que faziam o seguinte questionamento: o que é mais necessário na situação atual da Igreja? O que se pede do Magistério do Papa?

O cardeal explicou que, naquele Conclave, embora o então cardeal Joseph Ratzinger [Bento XVI] não houvesse falado nenhuma vez – “não porque fosse uma questão política, mas porque ele estava dirigindo a reunião, pois era o decano do Colégio Cardinalício -”, ele apareceu claramente. “Tornou-se para nós uma questão relativamente fácil”.

A respeito desse consenso entre os cardeais, sobre a escolha de Bento XVI, Dom Eusébio destacou ainda o papel da fé. “Essa é uma questão na qual entra a fé, entra muito fortemente a ação de Deus, especificamente do Espírito Santo, porque nós não somos capazes de julgar. O transcendente a nós nos escapa, porque nós trabalhamos normalmente só com razões que convencem. Lá entra a razão, a oração e a fé”.

“Ratzinger estranhou que fosse ele”, conta Dom Euzébio sobre a reação do Cardeal diante de sua eleição como Papa. “Ele falou o ‘sim’ dele quase imperceptivelmente, ele falou por outras palavras que aceitava. Ele não disse ‘sim, eu aceito’, e não foi necessário que lhe perguntassem”.

Sobre Bento XVI

Dom Eusébio teve diversas conversas com Bento XVI, em Roma, ocasiões em que conversavam em alemão. Desses encontros, o cardeal traz consigo impressões muito positivas do Papa. “Ele é uma pessoa super fina e politicamente tão versado, que as palavras lhe saem tão espontâneas; não precisa cuidar de dizer uma palavra assim, meio a despropósito, é em tudo muito cordial, muito sábio, delicado, enfim, ele tem, que eu saiba, só qualidades”.

Assista trecho da entrevista

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