Em telefonema, Papa mostra preocupação com cristãos no Iraque

No Iraque, a comunidade cristã corre riscos de sobrevivência. Em Mosul, por exemplo, não existem mais cristãos

Da redação, com Rádio Vaticano

O Papa Francisco telefonou ao Patriarca Sírio-católico Youssef III Younan, no último domingo, 20, para dizer que “acompanha de perto e com preocupação o drama dos cristãos expulsos e ameaçados na cidade iraquiana de Mosul”.

Segundo o Patriarcado sírio-católico, “a conversação durou nove minutos, durante a qual o Patriarca Younan agradeceu ao Papa e pediu-lhe para intensificar os esforços junto aos poderosos do mundo, colocando-os a par do fato que na Província de Nínive se está consumando uma limpeza de massa baseada na religião. Que vergonha pelo silêncio do assim chamado ‘mundo civilizado’”, deplorou.

Ao final da conversa, o Papa Francisco concedeu sua Bênção Apostólica a todo o povo cristão do Oriente, assegurando que a paz estará sempre presente nas suas orações.

Há poucos dias, o Patriarca havia denunciado o incêndio no Palácio Episcopal dos sírio-católicos de Mosul, provocado pelos extremistas do Estado Islâmico.

No Iraque, a comunidade cristã corre riscos de sobrevivência. Em Mosul não existem mais cristãos após dois mil anos. Os últimos remanescentes fugiram nestes dias, buscando refúgio no Curdistão.

Conselho Mundial das Igrejas

Com grande dor, assistimos ao que parece ser o fim da presença cristã em Mossul, que remonta aos primeiros séculos do Cristianismo”, disse em declaração divulgada nesta segunda-feira, 21, o Secretário-Geral do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Rev. Olav Tveit.

“Uno-me aos que denunciam os preocupantes e trágicos fatos”, escreve ainda o reverendo, destacando que o Conselho Mundial de Igrejas apoia o papel dos cristãos que se empenham no Iraque e na região por um diálogo construtivo com outras religiões e comunidades étnicas, “a fim de proteger o patrimônio pluralístico de sua sociedade”.

Na declaração, o Secretário-Geral do CMI defende “a necessidade de um envolvimento internacional não militarizado para abrir um processo político inclusivo e reforçar os direitos humanos fundamentais, em especial o respeito da liberdade religiosa”.

Tveit conclui com um convite à oração, “em especial por aqueles que pertencem a comunidades minoritárias, e cristãos e muçulmanos obrigados a abandonar as próprias casas”.

Crime intolerável

“O deslocamento forçado de cristãos de Mosul é um crime intolerável. As atrocidades cometidas e as práticas em andamento não tem nada a ver com o Islã, com os seus princípios de tolerância e convivência”. Foi o que afirmou a Organização da Cooperação Islâmica (OCI) ao denunciar com veemência as violências dos insurgentes sunitas do Estado Islâmico, que em junho assumiram o controle da segunda cidade iraquiana.

No comunicado divulgado pela organização que reúne 57 países muçulmanos – e referido pela Agência Misna – seu Secretário Geral, o saudita Iyad Madani, ofereceu assistência humanitária necessária às pessoas deslocadas, “na expectativa que possam retornar às suas casas”.

O grupo radical do Estado Islâmico – que proclamou um Califado entre o norte do Iraque e o leste da Síria – advertiu que os habitantes cristãos de Mosul “devem converter-se ao Islã e pagar uma taxa especial”, ou abandonar a região.

Segundo o último balanço divulgado pela ONU, desde o início da ofensiva sunita, partida de Fallujah em janeiro passado, 5.576 civis foram mortos, dos quais 2.400 somente em junho, e 11.662 ficaram feridos.

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