Íntegra

Homilia do Papa em sufrágio dos cardeais e bispos falecidos

Homilia do Papa em sufrágio dos cardeais e bispos falecidos
HOMILIA
Santa Missa em sufrágio dos cardeais e bispos falecidos ao longo do ano
Basílica Vaticana
Segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Boletim da Santa Sé
Tradução: Jéssica Marçal

No clima espiritual do mês de novembro, marcado pela recordação dos fiéis falecidos, recordamos os irmãos Cardeais e Bispos de todo o mundo que retornaram à casa do Pai durante este último ano. Enquanto oferecemos para cada um desses esta santa Eucaristia, peçamos ao Senhor para conceder a eles o prêmio celestial prometido aos servos bons e fiéis.

Escutamos as palavras de São Paulo: “Pois estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as potestades, nem as alturas, nem os abismos, nem outra qualquer criatura nos poderá apartar do amor que Deus nos testemunha em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8, 38-39).

O apóstolo apresenta o amor de Deus como o motivo mais profundo, invencível da confiança e da esperança cristãs. Ele elenca as forças contrárias e misteriosas que podem ameaçar o caminho da fé. Mas logo afirma com segurança que se mesmo toda a nossa existência é cercada de ameaças, nada poderá nunca nos separar do amor que o próprio Cristo mereceu por nós, doando-se totalmente. Mesmo se os poderes demoníacos, hostis ao homem, ficam impotentes diante da íntima união do amor entre Jesus e quem o acolhe com fé. Esta realidade do amor fiel que Deus tem por cada um de nós ajuda a enfrentar com serenidade e força o caminho de cada dia, que às vezes é enviado, às vezes é lento e cansativo.

Somente o pecado do homem pode interromper este vínculo; mas mesmo neste caso Deus o buscará sempre, perseguirá para restabelecer com ele uma união que dura mesmo após a morte, antes, uma união que no encontro final com o Pai alcança o seu ponto alto. Esta certeza confere um sentido novo e pleno à vida terrena e nos abre à esperança para a vida além da morte.

De fato, toda vez que nos encontramos diante da morte de uma pessoa querida ou que conhecemos bem, surge em nós a pergunta: “O que será da sua vida, do seu trabalho, do seu serviço à Igreja?”. O Livro da Sabedoria nos respondeu: esses estão nas mãos de Deus! A mão é sinal de acolhimento e de proteção, é sinal de uma relação pessoal de respeito e de fidelidade: dar a mão, estender a mão. É isto, estes pastores zelosos que dedicaram a sua vida ao serviço de Deus e dos irmãos, estão nas mãos de Deus. Tudo deles está bem protegido e não será corroído pela morte. Estão nas mãos de Deus todos e os seus dias entrelaçados de alegrias e de sofrimentos, de esperanças e de cansaços, de fidelidade ao Evangelho e de paixão pela salvação espiritual e material do rebanho a eles confiado.

Mesmo os pecados, os nossos pecados estão nas mãos de Deus, aquelas mãos são misericordiosas, mãos “chagadas” de amor. Não por acaso Jesus quis conservar as chagas em suas mãos para fazer-nos sentir a sua misericórdia. E esta é a nossa força, a nossa esperança.

Esta realidade, plena de esperança, é a perspectiva da ressurreição final, da vida eterna, à qual são destinados “os justos”, aqueles que acolhem a Palavra de Deus e são dóceis ao seu Espírito.

Queremos recordar assim os nossos irmãos cardeais e bispos falecidos. Homens dedicados às suas vocações e ao serviço à Igreja, que amaram como se ama uma esposa. Na oração lhes confiamos à misericórdia do Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora e de São José, para que os acolha no seu reino de luz e de paz, lá onde vivem eternamente os justos e aqueles que foram fiéis testemunhas do Evangelho. Também nesta oração, rezemos por nós, que o Senhor nos prepare para este encontro. Não sabemos a data, mas o encontro acontecerá.

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