Expectativas

Padre que está na Coreia do Sul comenta viagem de Francisco

Santo Padre segue para a Ásia nesta quarta-feira, 13, com o desejo de compartilhar o Evangelho do amor

Jéssica Marçal
Da Redação

O Papa Francisco deixa o Vaticano nesta quarta-feira, 13, rumo à Coreia do Sul para a terceira viagem internacional de seu pontificado, a primeira ao continente asiático. Em videomensagem ao povo coreano, ele expressou seu desejo com a visita: “venho junto a vocês com a alegria de compartilhar o Evangelho do amor e da esperança”

Sobre a viagem, conversamos com o padre Daniel Koo, que está na Coreia do Sul desde março deste ano e irá participar da Missa de Beatificação de Paul Yun Ji-Chung e 123 mártires, presidida pelo Santo Padre.

Padre Daniel diz que essa visita tem um grande significado para os cristãos asiáticos: desde 1995, ocasião em que João Paulo II foi às Filipinas para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), um Papa não ia à região.

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Padre Daniel Koo, que está na Coreia do Sul aguardando a viagem do Papa / Foto: Arquivo Pessoal

Na Coreia, os cristãos representam apenas 10% da população, mas possuem forte fundamento histórico, já que o país não teve missionários e a fé se transmitiu através dos próprios fiéis. “Este fato gerou os grandes testemunhos de fé, aos quais o Papa, nesta visita, vai dar grande ênfase, e trazer um novo sopro de ânimo a esta população católica que, apesar de minoria, testemunha vivamente o Evangelho”.

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Além disso, um ponto ressaltado pelo sacerdote é o fato de que a população coreana respeita a figura do padre. “Estudo em uma universidade (…) Senti uma grande aceitação por parte da comunidade estudantil, mesmo sendo muitos não religiosos ou de outras religiões. Aliás a religião católica aqui é muito bem respeitada pelas outras religiões”.

O ponto de maior relevância para padre Koo é que a visita papal vai recordar que o mundo não gira em torno apenas do dinheiro e do poder, realidade que, segundo ele, se afirma cada vez mais na Coreia. “Acredito que a visita do Papa aqui na Coreia traz um grande sentido de mudança de horizontes, trazendo uma luz para um povo que necessita de outros horizontes a serem perseguidos, e também de grande esperança para um mundo que parece precisar de valores que não apenas se mostrem como números ou resultados”.

Jovens asiáticos

Um dos motivos da viagem do Papa é a participação na 6ª Jornada da Juventude Asiática, celebrada no domingo, 17. Padre Daniel conta que os jovens asiáticos respeitam profundamente o sagrado e as coisas sacras, além de compreenderem bem os pontos religiosos, mesmo quando não são participantes da religião.

Nesse sentido, o sacerdote acredita que a Jornada vai proporcionar uma renovação dos jovens em suas vidas de fé e reforçar o respeito ao Santo Padre. “Uma oportunidade de testemunharem as suas vidas de fé, num momento em que são minoria, e que ainda assim, possuem uma potente vontade de vivenciarem com paixão e alegria a sua fé”.

Reconciliação

A Coreia do Norte e a Coreia do Sul são separadas desde o fim da Segunda Guerra Mundial, quando o território foi dividido em duas partes: ao norte para a União Soviética e ao sul para os Estados Unidos.

Embora a viagem do Papa não esteja focada em uma solução política para a questão, uma das atividades de Francisco será a celebração da Santa Missa pela paz e reconciliação, na segunda-feira, 18.

No dia 5 de agosto, a Associação dos católicos norte-coreanos informou que nenhum católico norte-coreano irá para a Missa do Papa. Embora o convite tenha sido recusado, o governo da Coreia do Norte não se pronunciou oficialmente a respeito.

Apesar dessas prerrogativas negativas, padre Daniel acredita que a visita de Francisco pode ajudar, de alguma forma, no processo de reconciliação. Ele considera a viagem como um primeiro passo, uma semente que poderá dar frutos no futuro.

“Como a semente de mostarda, que sendo pequena em natureza, dá enormes e grandes resultados, esta visita trará grandes e irreversíveis resultados para um futuro que parece estar cada vez mais necessitado da busca de um ponto em comum com todos os homens, que é própria natureza divina da humanidade que necessita de paz para que possa continuar a sua realização plena e natural de sua vocação”.

Viagem: pontos-chave

O sacerdote destaca três momentos importantes da visita: a Jornada da Juventude Asiática, a beatificação dos 124 mártires e a Missa pela paz e reconciliação. Para ele, tais ocasiões constituem um reavivamento da fé católica, além de confirmar a intenção do Papa de estar com os jovens

“Reflete também a importância dada pelo Papa para uma região que está aberta a grandes transformações e onde paira a porta para um futuro para o qual a humanidade ainda está para dar seus primeiros passos. Talvez estas sejam as grandes perspectivas religiosas para a visita papal que está prestes a começar”.

Sobre os preparativos, padre Daniel conta que houve uma grande movimentação por parte da Igreja coreana, especialmente em Seoul, onde será a Missa de Beatificação, e em Daejon, onde será a Jornada da Juventude Asiática.

“Há um grande esquema de segurança e os padres estão bem animados quanto à visita. Os religiosos e religiosas estão também bem animados e todas as paróquias estão se preparando de uma forma ou outra para a visita”.

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