Papa aponta caminho para superação da crise

Papa Francisco encontrou-se neste domingo, 22, com representantes do mundo acadêmico e falou que a crise precisa ser encarada como oportunidade

Kelen Galvan
Da Redação, com Boletim da Santa Sé

O Papa Francisco prosseguiu sua visita à cidade de Cagliari, neste domingo, 22, com um encontro com representantes do mundo acadêmico, na Sala Magna da Pontifícia Faculdade Teológica Regional.

A reflexão do Santo Padre inspirou-se na experiência dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24, 13-35), que, após a morte de Jesus, caminham tristes afastando-se de Jerusalém. Francisco destacou três palavras-chave: desilução, resignação e esperança.

“Os dois discípulos carregavam em seus corações o sofrimento e a desorientação pela morte de Jesus”, explicou o Papa, eles estavam decepcionados pelo modo como as coisas haviam acontecido.

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De acordo com Francisco, este é um sentimento semelhante ao que é encontrado hoje diante da crise econômica e financeira. E recordou que, para os chineses, a palavra crise agrega dois sentidos, o de perigo e o de oportunidade.  “Quando se fala de crise, falamos sobre os perigos, mas também das oportunidades. Este é o sentido em que eu uso essa palavra”.

O Santo Padre refletiu, entretanto, que em cada período da história houve os elementos críticos, mas ao menos nos últimos quatro séculos não se viu nada que balançou as certezas fundamentais que compõe a vida dos seres humanos como em nosso tempo.
O Pontífice destacou então, o perigo da deterioração do meio ambiente, a guerra da água, os desequilíbrios sociais, o poder das armas e, o sistema econômico e financeira que, não coloca o homem no centro, e sim o dinheiro. “São mudanças que dizem respeito ao modo como a humanidade realiza sua existência no mundo”.

Diante dessa realidade, quais são as reações? questionou o Santo Padre. Os discípulos de Emaús, decepcionados com a morte de Jesus, tentavam escapar da realidade, longe de Jerusalém.

“Pode haver a resignação. Esta concepção pessimista da liberdade humana e dos processos históricos leva uma espécie de paralisação da inteligência e da vontade. Algo como fez Pilatos, de ‘lavar-se as mãos’. Uma atitude que aparece pragmática, mas que ignora o grito de justiça, de humanidade e de responsabilidade social e leva ao individualismo, à hipocrisia, para não falar de uma espécie de cinismo. Esta é a tentação que temos diante de nós, se formos por este caminho de desilução ou decepção”.

Neste sentido, existiria então um caminho a percorrer diante desse situação? O Papa destaca que não só um, mas que “o momento histórico que vivemos nos impele a buscar e encontrar maneiras de esperança, que irá abrir novos horizontes para a nossa sociedade”.

Francisco propõe então que a Universidade se torne o local do discernimento, em que se elabore a cultura da proximidade e de formação à solidariedade.

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