Papa fala do problema da fome em mensagem à FAO

Francisco escreveu à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura ressaltando paradoxo entre falta e desperdício de comida

Jéssica Marçal
Da Redação

Papa destaca paradoxo entre falta a desperdício de comida / Foto: Arquivo

Papa destaca paradoxo entre falta a desperdício de comida / Foto: Arquivo

Por ocasião do Dia Mundial da Alimentação, celebrado nesta quinta-feira, 16, o Papa Francisco enviou uma mensagem ao diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, José Graziano da Silva. A mensagem foi divulgada nesta sexta-feira, 17, pelo Vaticano.

Neste ano, a data comemorativa teve como tema a agricultura familiar: “Alimentar o mundo, preservar o planeta”. O Papa pensa em quantas pessoas passam fome e, ao mesmo tempo, na realidade do desperdício de comida. Trata-se de “um dos paradoxos mais dramáticos do nosso tempo”, visto muitas vezes com indiferença.

O Santo Padre reconhece os progressos realizados em muitos países, mas diz que os dados recentes ainda não inquietantes. Indo além dos dados, o Papa alerta para um aspecto do problema que ainda não recebeu toda a consideração necessária: “os que sofrem de insegurança alimentar e de má nutrição são pessoas e não números, e justamente por sua dignidade de pessoas devem vir antes de todo cálculo ou projeto econômico”.

Em se tratando de propor novas formas de gestão dos diferentes aspectos da nutrição, Francisco destaca a necessidade de reconhecer o papel da família rural e desenvolver todas as suas potencialidades.

“A família, de fato, favorece o diálogo entre as diversas gerações e coloca as bases para uma verdadeira integração social, além de representar aquela desejada sinergia entre o trabalho agrícola e a sustentabilidade: quem mais que a família rural está preocupado em preservar a natureza para as gerações que virão?”.

Sobre o que é preciso para acabar com a fome, o Papa explica que não basta dar uma ajuda aos que vivem em situação de emergência. A solução é mais profunda, envolvendo, por exemplo, mudanças do paradigma das políticas de ajuda e desenvolvimento e a modificação das regras internacionais em matéria de produção e comércio de produtos agrícolas.

“Chegou o tempo de pensar e decidir partindo de cada pessoa e comunidade e não do andamento dos mercados. Por consequência, deveria mudar também o modo de entender o trabalho, os objetivos e a atividade econômica, a produção alimentar e a proteção do ambiente. Esta é, talvez, a única possibilidade para construir um autêntico futuro de paz, hoje ameaçado pela insegurança alimentar”.

O Santo Padre conclui a mensagem recordando a atividade caritativa da Igreja católica nos diversos continentes, com sua disponibilidade a oferecer, iluminar e acompanhar a elaboração das políticas ou sua atuação concreta.

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